O apelido "Silva" tem origem Nobre

Aos que se chamam "Silva", o complexo de nome vulgar está definitivamente terminado. Não é de hoje que é só um mito que este nome não tenha "brasão". Em verdade ele tem diversas origens (todas reais e documentadas) e todas elas nobres. De um modo geral é na Península Ibérica que descansa a fonte dos "Silva" e esta espalhou-se para a África e América justamente com os descobrimentos e colonizações, auge deste sobrenome em todo mundo. Mesmo que o tempo disperse os reais troncos familiares e linhagens, estas, de alguma forma, entretanto, passam para cada indivíduo. Sem mais delongas vamos as três origens principais.

A primeira delas é a que o rei Godo D. Alderedo meteu no filho, D. Guterre Alderete o apelido "da Silva". Aquando do casamento deste com uma filha da casa real de Aragão esta herdou o nome e levou-o ao noroeste da actual Espanha. Estamos a falar do Século X! Os Godos são justamente "bárbaros" que tomaram conta da Península Ibérica por bom tempo até a sucessão Sueva. Derivado desta linha, a casa real posterior de Leão também apresentou o nome Silva, se calhar por herdade deste casamento. Daí as cores e os elementos do brasão que rememoram esta casa real extinta.

A segunda, e mais conhecida de todas, é toponímica. A Torre e Honra de Silva - que fica a meio caminho das freguesias minhotas (e portuguesas nortenhas) de São Julião e Silva, junto a Valença - seria o lugar onde fixou-se o apelido. Vale ressalvar que a palavra latina silva quer dizer "selva, floresta e bosque". De acordo com isto - e em detrimento de a Galiza, Leão e as Astúrias também possuírem topónimos compostos com este nome - foi daí que saíram para o mundo os Silva. Inclusive no Século XVII o alfaiate Pedro da Silva foi o primeiro a proliferar este apelido Brasil afora. Os sítios no Brasil com maior incidência deste nome são Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

A terceira - e complementar - razão é a origem judaica. Os Sefarditas - ou judeus da Península Ibérica, com longa história de residência de dois mil anos - têm por nome mais comum justamente Silva. À altura dos dois éditos de expulsão, o dos Reis Católicos de Espanha de 1492 e o de D. Manuel I de 1496 em Portugal, usaram o apelido Silva para esconderem o nome original hebraico. Desta feita vale salientar que o nome em si tem já origem judaica e foi apenas transliterado para poder ser bem camuflado entre os marranos e os cristãos novos. 

Portanto, a partir de agora quem quer que afirme que este nome é "ordinário" sempre apele para esta série de argumentos, pois ela elucida bem frontalmente que estamos a falar de um nome incomum. E quem escreve é um "Silva"! 

Eustáquio Silva 
Porto, 22 de Maio de 2018

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