A minha música é a minha solidão

A minha música é a minha solidão de canta a cada verso só. Todo poeta escreve tanto a dor por tanta dor brotar da solidão de ver o que ninguém pode ver. O mundo é bem maior dentro dessas folhas de outono, linhas em branco, insanidade, música do inferno que todo poeta insiste em contar. 

Conta todas as dores de um momento de eternidade. Sabe que desilusão é tudo soube guardar. Foi a morrer que viveu todo o tempo a amar a inspiração que um cadáver poder ter. Nova cisma entre razão e sentir. Toda dor de um verso não poderia conter num conceito universal. A ideia da poesia não está no mundo maior. Ela paira pelo rio Léthes sendo reminiscência de poucos que conseguem mergulhar no desespero e emergir só. 

A música de minha solidão combina com queda livre de poder voar até o abismo. Viver cada contorno de um quadro tépido de melancolia. Viver é um verso. infinitivo como sofrer como quem morre, como quem sempre estará a se perder entre os lenços ensopados em sangue de um coração. Vale mais esta incomparável forma de isolar-se em meio à multidão do que ser só mais um leitor de coisas comuns em tocas de quotidiana visão. Quero o sujo desejo de quebrar-se ao chão como um rascunho roto a deitar-se chão. No outono da alma, o que resistirá é poema. 

O adeus é mais bela das palavras, mais vela apenas por não se acabar uma dor que persiste em fazer música com solidão. 


Eustáquio Silva 
Porto, 06 de Abril de 2018.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O apelido "Silva" tem origem Nobre

Expulsão dos Judeus da Península Ibérica

O que era ser Judeu na Idade Média?