Como eu vejo a História e a Sociologia (esboço)

Nomeadamente a História e a Sociologia são das mais altas expressões da humanidade em matéria de conhecimento. A primeira é a forma primordial de registo e crítica da própria memória, factos e fontes de nossa vida e da vida de nossos pares. Não há como viver sem que se conte uma história. Seja uma biografia ou seja um momento mais técnico, todas as ciências são trespassadas pela história naquilo que ela tem de melhor: narrar, contar e registar passos dados em tempos remotos ou em momentos bem mais contemporâneos. A história de Da Vinci, a história da Áustria ou a trágica história do holocausto judeu pelas mãos dos nazistas, durante a segunda guerra, são elementos da história e a ela pertencem enquanto discurso. 

Lamento profundamente que a História tenha-se tornado, em alguns sítios, um remendo da ideologia dominante ou com pretensões de fazê-lo. Cabe bem a estes pseudo formadores de narrativa a pecha de uma ciência deformada e pouco inspirada com conceitos pré-definidos e com opiniões deturpadas.  A história caiu e diminuiu-se tanto nos últimos tempos quanto esta mentalidade partidarista veio a aumentar e a consolidar os seus tentáculos num maniqueísmo que jamais pertenceu às relações humanas em tempos insólitos ou em espaços próximos. O bom mocismo atrelado ao vilanismo enquanto forma de contar algo está presente em toda e qualquer provisão de história tida como escolar em diversos países do mundo. Tornou-se parte do organograma das ciências dentro da sala de aula e passou a ser disciplina extremamente controladora sob a pecha de "democrática" e "mítica". O que era espaço de um julgamento divino passou a ser um julgamento da entidade história divinizada e presente em tudo. A história pagou o preço da violação por parte da cultura de massas. 

A Sociologia teve destino ainda pior. Sob a asa de Karl Marx, ela foi sucumbida por um desejo crescente de cartilha ideológica e de costumes das minorias da vez. Toda a virulência individual posta na história foi tornada colectiva exactamente na Sociologia, a ciência tida como das classes sociais. 

Tudo passou a ser ou de preocupação meramente social de dominação ou de servidão. A sociologia individual e determinada por elementos totalmente atados ao indivíduo era totalmente transformada num discurso político populista cuja maior acção é satisfazer apenas aos ditames de determinados políticos e por demasiado tempo de campanhas e outras coisas afins. Assim veio a crescer o conteúdo propagandista e publicitário dentro da Sociologia que era a ciência social e não "do social". 

Apesar disto, eu vejo  sociologia enquanto máxima do agir humano. Continuidade da "Filosofia Prática" que foi germinada no seio da Ética a Nicómaco de Aristóteles. Elementos de junção e proximidade com a filosofia que chamam deveras a atenção. Afinar o discurso histórico com a compreensão sociológica, eis o verdadeiro trabalho e esforço do pensador que encontrar-se, assim como eu, entre estas duas ciências e atado a elas em sua forma genuína e não em sua derivação mal disposta. 

Tomara que este texto sirva de alerta para quem quer que ainda procure História e Sociologia livres do arcabouço marxista-culturalista. Tomara que ainda aja tempo a uma revalorização daquilo que estas ciências possuem de melhor, apesar dos preconceitos e das inverdades lançadas sobre elas. Isto é um desejo de aprendizado, de postura acerca das ciências que só com muito esmero pode ser encontrado e desenvolvido. E tomara que seja... 


Eustáquio Silva 
Porto, 09 de Abril de 2018.

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