O despertar


O sono de tantos anos fez-me fraco. A vida passou-me ante aos olhos. O escuro dominou-me angustiosamente. Não tinha mais como ser tão opaco. 

A cegueira da beleza de uma flor arrastou-me aos arames afiados de um cinza amargo. A luz passou-me ao lado. Pesadelos infames. Era tudo que menos procurava. 

Agora ao Eterno revi e vi a luz intensa. Candela tão forte que nunca apaga. E tão grande sinto-me e tão longo é o dia. Verão de meus olhos desacostumados. Mas aos poucos da caverna saio mais puro. Em mim sinto-me o sopro renovado, do chão que não mais alardeia um vazio, mas sim um momento de cioso lume. 

O mar, o céu, estrelas luminosas à noite. Pássaros, animais em esplendor. Pessoas mais claras e tão ricas. Esta briosa sensação de tanto amor. 

Assim eu me converto à luz novamente. ao Todo-Poderoso aclamo e faço Shacharit. Um vinha que dá frutos todos tão elevados que o vinho que produz é uma ode ao belo e charmoso mundo. 

Assim fica mais leve o dia. Assim fica mais esplendorosa a tarde. Assim fica mais forte o laço que ecoa a voz do tempo que trevas não são mais tão bem vindas. 


Eustáquio Silva 
Porto, 05 de Junho de 2018.

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